12 de jul. de 2005

Veranico

la luna- 11fev005

Era um típico final de tarde de verão!

Pessoas se espalhavam pelas varandas, a aproveitar a brisa leve que chegava prenunciando a noite; crianças corriam pelos gramados, lotavam as calçadas em uma azáfama despretensiosa.

Subitamente o vento invadiu a cidade, despenteando os longos cabelos da moça que subia a rua, espalhando os papéis nos quais, atencioso, o rapaz anotava pensamentos, sacudindo a saia da criança no balanço... As pessoas correram procurando abrigo, as luzes do café se acenderam e lá fora o sol escondeu-se entre espessas nuvens. Ficou escuro enquanto uma forte chuva lavava as ruas e tamborilava nos telhados uma ópera de Verdi.

Os relógios pararam os ponteiros, como se o tempo houvesse sido suspenso, enquanto um clima de magia enchia o ar. Dizer-se-ia que todos eram novamente crianças à espera de que chegasse a sempre tão distante hora de abrir os presentes de Natal.

Assim, tão de súbito como chegou, o vento partiu, a chuva cessou e as pessoas voltaram às sacadas. O poeta arrumou sua farta cabeleira branca, passando a mão pela barba espessa e longa como se tivesse nos dedos pentes encantados; os freqüentadores do café às varandas; a moça sentou-se no pátio, sacou um cigarro e tirou uma longa espiral de fumaça; as crianças voltaram às calçadas e os relógios à sua normalidade.

As luzes se apagaram enquanto lá fora o sol voltou a brilhar como se já não fosse hora de ser noite. Tudo voltou ao local onde se havia interrompido e a vida... Bem, a vida voltou ao seu curso, impassível como uma criança dormindo!

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