22 de out. de 2006

Conflito
Thamar


Metade de mim é amor
metade torpe é horror
ventania carregando folhas
brisa fresca cantando amores

Metade de mim abraça
metade pisa quebrando taças
rompe liames, estilhaça tratos
beija lábios, desenha traços

Metade sonha com o amanhã
metade sofre de febre terçã
lã fiada , cardada em sangue
corpo ofegante, querer constante

de dia corro o campo
de noite sonho errante
parada desejo andar
andando quero parar
Mercado Persa
Thamar

“Se vires a justiça e o direito em combate,
luta pela justiça”




Pobre moça cega
foi levada ao mercado
foi vendida aos pedaços
regateada por mercadores
presa da falta de escrúpulos

Seriam Persas?
Assírios, babilônios,
turcos , curdos, brasileiros,
judeus ou caldeus,
eram todos mercadores
comerciavam em nome de Deus

E a moça cega, rasgada,
era vendida aos pedaços
nas bancas frias do mercado

Quanto custa a verdade?
quantos dinários quereis
para dormir em paz????

E Judas execrado, massacrado
e suicida por ter comerciado a verdade
tem seu ato repetido todos os dias
nos corredores vazios, nas paredes frias
dos mercados persas, onde um cruz
pende vazia, sem sentido ou valia

Nos mercados onde a moça cega foi vendida,
os mercadores apregoavam sua mercadoria
vestidos em sedas, brocados de ouro e especiarias
Nos portões do mercado jazia a placa onde se lia
JUSTIÇA!

Oração pelo Magistrado
Thamar

Senhor Jesus
que no madeiro foi pregado,
em Vossa cruz permanecei imóvel,
Vigiai o magistrado!

Abri os olhos, ó Senhor,
pisai com Vossos santos pés o estrado,
derramai Vossa sagrada ira
sobre aquele que oprime
a Justiça em nome do Estado!

Recebei em Vosso colo,
ó Senhor crucificado,
qual Pietá de Michelangelo,
o corpo inerte da Justiça
cruelmente assassinada.

Em Vosso nome, ó Senhor,
Judas foi ressuscitado
e Pilatos tem as mãos
diariamente lavadas.

Senhor Jesus,
dos desvalidos advogado,
rompei a venda da Justiça,
desatai as mãos manietadas.

Derramai a Vossa ira
sobre esses mercadores
que profanam Vossa presença
em seus frios corredores.

Redimi a Justiça,
o Direito e a Verdade,
todos eles foram vendidos,
pelo metal corrompidos,
nos tribunais assassinados...