19 de mai. de 2007

O homem que aluga estrelas

Luiz de Aquino, Goiânia, 23/04/07

Eu tenho estrelas. Muitas.

Não, não sou dono de todas

as que limitam o teto da noite, não.


Sou rico, minha senhora!

Sou dono apenas das cintilantes luzes

que realizam desejos.



Não são minhas meras luzes

de clarear partículas de infinito

ou de orientar navegantes.


Pertencem-me as moradas da magia,

dormitórios de oráculos e duendes

e de fadas altivas e simples.


Minhas estrelas não existem

para formar constelações, apenas: elas

têm sintonia com corações sonhadores,


ansiosos e crentes, pois só mesmo

a estes é dado o dom de sonhar desejos

e fazê-los acontecer.


Por isso, Senhora bela e amada,

rainha de cetro e de sonhos,

aguarda a tua estrela: já se anuncia.


Demora que se mostre, porque é cedo

e cedo-te de gosto e prazer

a estrela que te cabe e é certa.


Ah! Ei-la! Ali, à margem da nuvem

que se abre no céu É tua, essa!

Habita-a e te apossa dela.


Em dias próximos terás por real

o que é ainda sonho. Falta-me a paga,

que recebo adiantado.


E assim que me vir premiado

em moeda de fala e poesia, liberarei a luz

que te trará venturas.


Depois, e quando de regozijo e feliz

puderes deixar minha estrela... É fácil.

Deixa-a no céu. Saberei recolhê-la.



4 de mai. de 2007

Laços


Um dia claro, um céu azul

a brisa fresca

Um dia pardo, um céu de chumbo

o vento frio

Uma noite quente e no céu estrelado

a lua espia entre as árvores

Uma noite fria e no céu deserto

as estrelas dormem

Um homem , uma mulher

um abraço, braços

pernas, laços que prendem suavidade

Olhos, lume incandescente

a mapear a estrada

ritmada no ofegar da tua respiração