12 de jul. de 2005

Inverno no Cerrado

la luna – 29jun004

Penso que o verão do cerrado é de uma exuberância tão contraditória quanto bela, ainda mais no cerrado cuja vegetação tem um comportamento peculiar.

As manhãs nebulosas e frias sucedem-se um dia tórrido e uma noite gélida onde a grama queimada e as árvores nuas de folhas contrastam com Ipês floridos em abundancia, ouro em penca e Papagaios rubros.

Pequenos sinos de amarelo vívido pontuam a grama falha nesta época seca onde tudo parece dormitar, menos as flores do Cerrado e suas formas exuberantes e quando a noite chega e o frio adensa o ar, o perfume forte dos lírios noturnos dão um tom de magia ao céu estrelado.

O inverno no Cerrado tem um quê de lição. A perseverança parece entremear cada pétala aberta no topo dos galhos dirigidos ao céu como mãos em prece, como oferendas vivas e vibrantes feita aos deuses de todos os tempos.

Por aqui a noite nuca cai abrupta, precede-a um barramento vermelho e lilás que faz da linha do horizonte um espetáculo a parte, verdadeiro pano de fundo para o bordado das flores que nascem deste solo seco e aparentemente morto.

O inverno com seu frio e aparência de sono morfético faz o cerrado explodir em vida como uma das mais paradoxais manifestações da natureza.

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