21 de jul. de 2006

O Universo em uma casca de nós...

Thamar

20jul006



Quanto tempo dura a eternidade?

O que é e onde habita a realidade?

Esse era o tecido que suportava as observações de Celene enquanto Ilkar desenvolvia-se pelo aposento que compartilhavam.

Ilkar era alto e de espáduas largas, coluna ereta e um andar marcial. Tinha garbo! - pensara certa vez – como convinha a um grande general.

Seus trajes estavam sempre impecavelmente elegantes e sóbrios e dessa combinação terminava por emanar um certo it , um fragor de masculinidade que agia como ímã sobre seus subordinados e sua platéia.

Observou-o parar perto da balaustrada de porcelana branca e afastar os punhos do dólmen antes de trazer o braço esquerdo a frente do corpo, como coluna diagonal, para suportar o peso da inclinação. Sorriu com a comparação e erguendo a vista deparou-se com o sorriso terno e ao mesmo tempo maroto do general:

- O que foi ? Porque esse sorriso arteiro?

- Nada. Só que ninguém nunca me observou assim...

- Encomoda-o ser observado?

- Não. Não por você.... - Pareceu acrescentar uma declaração muda de que nos olhos que o observavam havia muita ternura.

Sorriu olhando a elegante mão que pousava na borda alva com tanta graça que seria de imaginar que não suportava mais que uma borboleta de peso!

A mão era a de um tocador de harpa: firme e delgada, de dedos longos, ágeis. Unhas disciplinadamente cuidadas, meias-luas extensas e algumas manchas de sol. Usava um anel de ouro trabalhado em platina ou ouro branco – o que ao final terminava sendo quase a mesma coisa - , trabalho delicado e sóbrio a sugerir memórias antigas e alguma história. Namorou o anel por algum tempo tentando decifrar-lhe o conteúdo para em seguida distraír-se com o barulho da água jorrando no chafariz.

Ilkar levantou-a com facilidade e lhe beijou os cabelos e os lábios. Primeiro com ternura e depois com sofreguidão. Colocou-se sobre os joelhos de Ilkar como se fosse uma criança e sorriu deliciando-se tanto com o quadro quanto com a expressão daquele homem que, tantas vezes vergastado pela vida, era capaz de achar graça em coisas tão simples quanto ter alguém sobre seus joelhos.

Descansou a cabeça em seu peito e o arminho que guarnecia o tórax de Ilkar acariciou-lhe ternamente a face.

Sentiu seus braços fortes em volta do seu corpo enquanto ouvia contar de suas viagens e feitos.

Poderia a eternidade conter-se em 7.200 segundos?

Habitaria o universo em uma casca de noz?

O toque da campanhia interrompeu suas divagações trazendo-a de volta a realidade...


Um comentário:

Anônimo disse...

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