19 de mai. de 2006



Sobre vales e montanhas

Thamar

19mai006

Executo uma quinta em “meia-ponta” e a panturrilha tensionada eleva-me no solo enquanto as mãos tentam alcançar o céu. Tudo que consigo é tocar seu rosto com a ponta dos dedos. Desisto do feito e sorrio.

Sua imagem não se encontra na linha do horizonte e nem mais acima. Está perto das estrelas, onde um fim de tarde envolve-me em profunda paz.

Assentada sobre colunas jônicas, encaixo-me na amplitude de sua envergadura. Pequena pérola encaixada na ostra. Imagem divertida que me ocorre: poderia desaparecer na dobradura do seu dorso! Invadem-me os aromas do outono e o cheiro suculento da fruta madura confunde-se com os jasmins espreguiçados ao sol, enquanto pétalas de rosas inundam minha boca, meu rosto, escorrem pelo meu colo.

Há uma paz profunda firmada na segurança dos grandes silêncios. Silêncios plenos de procuras e descobertas, vida pulsando no latejar do Universo.

Uma outra imagem desagua no cérebro: o vale observando a montanha, percebendo seu perfume e firmeza, sua postura protetora e suave.

A realidade tem a força de uma draga e o tempo continua sua marcha inexorável.

Meus pés tocam a terra dos homens mas minha alma permanece ancorada na simplicidade forte do seu abraço. Capa de frio na noite invernal!

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