15 de set. de 2005

Fim de Tarde

O inverno partira antecipadamente, antes que chegasse a primavera, deixando no ar um calor que sufocava o corpo, oprimindo a alma.

Havia um silêncio de espera por toda a natureza embora o céu, mais afoito que os demais integrantes da mãe, já apresentasse o seu espetáculo de final de tarde.

Eram os pores-de-sol que ainda a consolavam com sua beleza exuberante e sua luz que de repente invadia todos os ambientes plenificando-os com seus tons de dourado e sua súbita sensação de alegria.

Havia sido um dia especialmente dificil em que nuvens espessas se acomodavam nos píncaros do espírito, denunciando a proximidade de uma grande tempestade. Problemas e mais problemas, um emaranhado deles e aquela vontade já quase esquecida de sair correndo que voltava insistente. Um cansaço enorme, como se arrastasse o peso do mundo, havia se instalado em seu corpo e atravessara o pátio do dia como quem escorrega, lentamente...Repentinamente aquela luz esfusiante tomou conta de todo o ambiente instalando um dia de verão em plena entrada da noite...A vidraça brilhou refletindo o astro-rei nas colunas de ferro e deixando entre-ver reflexos púrpura no céu distante.

Tudo, absolutamente tudo, tomou outro rumo, outra cor. Instalou-se, mais uma vez, a vida que espantou o torpor para longe.

Após este carinho, esta manifestação de esperanças, o sol escorregou pela linha do horizonte deixando implicita a promessa de voltar.

A noite com seus faróis instalou-se lentamente preenchendo o ar com um frescor característico e o aroma do lírio noturno assenhorou-se do ar!

Um comentário:

Anônimo disse...

Um por-de-sol. Um por-de-sol após um dia sem outras perspectivas senão um cansaço imenso e definitivo. Bom que haja uma alma cuja sensibilidade se permita curar-se dos cansaços do mundo com um por-de-sol. Belo texto, querida. Beijo,
Lia